13/05/2025

Brandão sobre fala de Dino: ‘Disputa política não é momento’

 

A declaração do ministro do STF, Flávio Dino, sobre a escolha da vice para uma possível candidatura de Felipe Camarão (PT) ao governo do Maranhão caiu como uma bomba nos bastidores políticos do Palácio dos Leões. Dino, ainda que em tom de brincadeira, sugeriu publicamente que o vice-governador escolha a professora Teresa Helena Barros para compor sua chapa. O comentário, feito durante uma aula magna, teve o claro objetivo de fortalecer o nome de Camarão — seu aliado direto — e já acendeu o sinal de alerta no grupo governista.

A reação do governador Carlos Brandão (PSB) foi rápida e com tom de descontentamento. Ao O Globo, ele não poupou palavras: deixou claro que, para ele, não é hora de articulações políticas, e sim de trabalhar. Mas a fala vai além da superfície. Brandão sinalizou que não está disposto a entregar o comando do processo sucessório tão facilmente.

O que se vê, nas entrelinhas, é um embate velado (cada vez menos) entre quem governa de fato e quem ainda detém forte influência política no estado, mesmo ocupando hoje uma cadeira no Supremo. Dino, ao que tudo indica, ainda tenta puxar os fios da política maranhense — e tem em Camarão seu candidato natural. Já Brandão parece disposto a não ser apenas um "governador tampão", tampouco a aceitar imposições sobre o futuro do seu grupo.

O nome de Teresa Helena, ainda desconhecido do grande público, pode ter sido citado por Dino como símbolo de renovação ou de estratégia regional, já que é filha de Hilário Neto, ex-candidato a prefeito em Lago da Pedra. Mas o gesto também expôs publicamente o que até então se discutia apenas nos bastidores: a disputa interna pelo protagonismo na sucessão de 2026.

Se a intenção do ministro era fortalecer o aliado, o efeito pode ter sido contrário: provocou desconforto e deixou explícito o racha que começa a se desenhar no grupo que comanda o Maranhão há mais de uma década.

A pergunta que fica: o grupo governista conseguirá manter a unidade até as próximas eleições? Ou o gesto de Dino foi o primeiro passo para uma ruptura anunciada?

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